quarta-feira, abril 26, 2006

Amanhã é dia de...

... rever as águas do Rio Douro.
... escrever à sombra da Torre dos Clérigos.
... passear ao sol que brilha na Foz.
... comer uma francesinha comme il faut.
... beber um cimbalino na Avenida dos Aliados.
... beber um fino na Praça do Cubo.
... tirar fotos nos jardins do Palácio de Cristal.
... passear pelas lojas de Santa Catarina.
... ver as luzes a acenderem-se na Marginal.
... estar com a familía e amigos "invictos".
... ouvir o sotaque que me traz tão boas recordações...


(Um obrigado especial ao Telmo Freitas pela bonita foto que tirou e que me fez voltar atrás no tempo.)

terça-feira, abril 25, 2006

A Senha

Bobine original gravada no dia 24/04/74 às 18H00 para ser transmitida no programa Limite às 00H20.

(Clique na imagem, por favor; com os agradecimentos do Filho do 25 de Abril, de quem "clonei" a ideia, e à Fundação Mário Soares, pelo ficheiro original.)

Bic laranja p'ra escrita fina...

Inadaptado

"Point is, what's so wonderful is that every one of these flowers has a specific relationship with the insect that pollinates it. There's a certain orchid look exactly like a certain insect so the insect is drawn to this flower, its double, its soul mate, and wants nothing more than to make love to it. And after the insect flies off, spots another soul-mate flower and makes love to it, thus pollinating it. And neither the flower nor the insect will ever understand the significance of their lovemaking. I mean, how could they know that because of their little dance the world lives? But it does. By simply doing what they're designed to do, something large and magnificent happens. In this sense they show us how to live - how the only barometer you have is your heart. How, when you spot your flower, you can't let anything get in your way."

domingo, abril 23, 2006

Dedicado à Carla e às suas plantinhas




















"Concepts are like hypothesis; they are artifices that do not have to be justified for their own sake, they serve to focus the intellect on a problem."

P.W. Barlow and D.J. Carr, 1984

Odor especial para um dia especial

A propósito do Dia Mundial do Livro (que poderia perfeitamente ser rebaptizado de Dia Mundial da Imaginação, da Alma, ou do Sonho, qual deles o melhor sinónimo para o Livro), dei de caras com este artigo no Portugal Diário. E também eu me questionei sobre qual seria o livro da minha vida, apenas para chegar à conclusão de que seria assunto não para um mas para vários e vários livros, que tiveram impacto na minha vida consoante o período da mesma. Já para não mencionar o facto de ainda ser um jovem (à beira dos 30, é verdade...), o que ainda me deixa menos à vontade para nomear Um livro da minha vida. Assim, optei por uma solução mais simples e deixo aqui o primeiro livro que "mexeu" comigo, o primeiro livro que me deixou a pensar sobre ele durante muito tempo, o primeiro livro que me fazia tentar convencer apaixonadamente os meus amigos a também o lerem, porque sabia que iria afectá-los da mesma forma que me afectou a mim. Tratava-se d' O Perfume, de Patrick Suskind, um livro que ainda hoje recordo com saudade e que inclusivamente lhe perdi o rastro. Andará perdido por aí algures na casa de algum amigo meu (isto foi no tempo pré-Bookcrossing), mas não fico triste, pois espero que esse meu amigo o tenha lido e tenha ficado com a mesma paixão por ele que eu senti e que inclusivamente o tenha passado a mais alguém. Porque este é um livro que merece ser conhecido por gerações e gerações de pessoas que têm prazer na leitura.

Coffee and Cigarettes

Há já algum tempo que tinha curiosidade em ver este filme. E depois de há uns tempos atrás me ter dado para escrever sobre este ritual, ainda mais vontade me deu de o ver. Coffee and Cigarettes é o exemplo de um filme que não tem rigorosamente nada a ver com aquilo a que normalmente nos habituámos a ver em termos de cinema. É cinema feito de pequenos nadas, pequenos diálogos e pequenas imagens, mas tudo isso se combina para observarmos retratos vivos de um quotidiano que poderia ser de qualquer um de nós. A diferença é que por aqui se passeiam nomes como Iggy Pop, Cate Blanchett, Meg e Jack White, Bill Murray, Roberto Benigni. Alfred Molina, entre outros. Aquilo com que mais me identifiquei é mesmo com as pequenas conversas sobre nada que aqui acontecem, e que podem originar tantas e tantas situações engraçadas, envergonhadas, hostis ou de puro nonsense. Apesar de não me ver a largar o café nos próximos tempos, os cigarros já não fazem assim tanta parte do meu dia-a-dia, isto pelo menos era o que eu pensava, até o Tom Waits se sair com uma frase que eu desejava que fosse minha (e de certo modo até é), "The beauty of quitting is, now that I've quit, I can have one, 'cause I've quit."

sábado, abril 22, 2006

Aniversário Blogueiro

Os meus parabéns ao Nuno Ferreira, pelos dois anos do Estradas Perdidas. Apesar de ser um leitor recente, não perco nem uma das Estradas que se vão desfiando neste blogue. Desejando mais uns anos de estradas perdidas, não resisto a uma pequena transcrição.

"Atrás de casa, encoberta por tufos de erva daninha, silvas e bidões abandonados, o comboio de janelas iluminadas vinha das Quintãs e silvou depois do túnel em curva, em direcção a Aveiro. Ali ao lado há uma estrada, a minha primeira estrada. Mulheres e homens cruzam-na impelindo teimosamente os pedais das bicicletas. Junto à vitrine de um pronto-a-vestir lê-se "Modas Katita". De uma taberna, saem dois homens que se dirigem para duas Famel-Zundapp. Estrada perdida."

Amanhã é dia do Senhor

God Is In The House

We've laid the cables and the wires
We've split the wood and stoked
the fires
We've lit our town so there is no
Place for crime to hide
Our little church is painted white
And in the safety of the night
We all go quiet as a mouse
For the word is out
God is in the house
God is in the house
God is in the house
No cause for worry now
God is in the house

Moral sneaks in the White House
Computer geeks in the school house
Drug freaks in the crack house
We don't have that stuff here
We have a tiny little Force
But we need them of course
For the kittens in the trees
And at night we are on our knees
As quiet as a mouse
For God is in the house
God is in the house
God is in the house
And no one's left in doubt
God is in the house

Homos roaming the streets in packs
Queer bashers with tyre-jacks
Lesbian counter-attacks
That stuff is for the big cities
Our town is very pretty
We have a pretty little square
We have a woman for a mayor
Our policy is firm but fair
Now that God is in the house
God is in the house
God is in the house
Any day now He'll come out
God is in the house

Well-meaning little therapists
Goose-stepping twelve-stepping Tetotalitarianists
The tipsy, the reeling and the drop down pissed
We got no time for that stuff here
Zero crime and no fear
We've bred all our kittens white
So you can see them in the night
And at night we're on our knees
As quiet as a mouse
Since the word got out
From the North down to the South
For no-one's left in doubt
There's no fear about
If we all hold hands and very quietly shout
Hallelujah
God is in the house
God is in the house
Oh I wish He would come out
God is in the house

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words and music by Nick Cave

sexta-feira, abril 21, 2006

Dedicado à Teresa

Ás vezes as coisas não correm como nós queremos. Temos tudo muito bem planeado e depois, quando menos esperamos, algo nos obriga a fazer um desvio. Pode ser uma coisa pequena em temos de importância, como pode ser algo que vai abalar a nossa vida. Pode ser um espectáculo para o qual já não arranjámos bilhetes ou um livro que está esgotado. Mas também pode ser a "obrigação" de ir para um país distante ou dar o primeiro passo em direcção a uma relação que não sabemos se vai "funcionar" ou não. Provavelmente, aquilo que realmente importa é a forma como enfrentamos os desvios (pequenos ou enormes) que nos vão aparecendo. Viramo-nos para dentro ou vamos à procura de alternativas? Fugimos para "casa" (o que quer que isso seja) ou mergulhamos no desconhecido? Gostava de ser destemido em todas as bifurcações que já apareceram ou hão-de aparecer na minha vida, mas a verdade é que nem sempre o consigo. Hesito, pondero, desespero, suores frios, arrepios na espinha, e depois... Nada. E depois lá vem o empurrão que preciso, normalmente uma voz amiga que sugere, aconselha, ou simplesmente me pergunta, me obriga a pensar melhor. Por isso, esta é a minha forma de agradecer a todos os meus amigos e amigas (materializados numa única pessoa, é certo, mas que simboliza todos os que fazem parte da minha vida) que já me ajudaram a suplantar os "desvios" do meu percurso. Obrigado e um brinde à vossa!

(Nada mal para alguém que, quando começou a escrever este post, estava com uma crise de inspiração terrível, hein?)

domingo, abril 16, 2006

Angels in America

"I hate America, Louis. I hate this country. Nothing but a bunch of big ideas and stories and people dying, and then people like you. The white cracker who wrote the National Anthem knew what he was doing. He set the word free to a note so high nobody could reach it. That was deliberate. Nothing on Earth sounds less like freedom to me."

Uma História Simples


Quem conhece o trabalho de David Lynch, sabe que o bizarro, o desconhecido e o estranho são as notas dominantes dos seus filmes. Mas Uma História Simples é diferente disso. Neste filme não há homens-elefante, ninguém recebe uma orelha decepada no correio, não há anões a falarem línguas estranhas, ninguém anda com um tronco ao colo, não há paixões doentias, não há auto-estradas perdidas com personagens estranhas pelo caminho, nem loiras com amnésias ou desejos lebidinosos. Não, este filme é um retrato da América no seu estado mais "normal", de acordo com a visão de Lynch. Talvez por se tratar de uma história tão simples, resida aí a razão para este filme ser tão despretencioso e tão rico de ingredientes, exactamente aquilo a que falta a muita da produção que nos chega de Hollywood. Só os olhos, as rugas e a voz do actor Richard Farnsworth (r.i.p.) mereciam uma longa-metragem, ficará muito provavelmente esta para a história. Mas a câmara de Lynch parece deslizar pelas longas auto-estradas americanas, crivadas pelo calor e pelos relâmpagos, pelos infindáveis campos de cereais, pelos vales e colinas que compõem o interior norte-americano. Quase se poderia dizer que David Lynch utiliza o cinema como uma tela para uma obra-prima e não para publicidade barata...

sábado, abril 15, 2006

Sexta-Feira Santa (Ondas Sonoras - XII)

Como se assiste a um concerto onde a banda ainda não editou qualquer disco, apenas se conhece uma canção que se ouviu meia dúzia de vezes na rádio, não se prestou atenção à encarnação anterior do vocalista/guitarrista (The Libertines) e, no entanto, é uma das bandas mais promissoras no Reino Unido e já se escreveu e gastou imensa tinta sobre ela? Bom, no meu caso, foi de imperial na mão e em pé que assisti ontem ao concerto dos Dirty Pretty Things, em Lisboa, no Santiago Alquimista. Não conhecia este espaço, que já é muito importante na área da música ao vivo a que se pode assistir em Lisboa, e fiquei agradavelmente surpreendido pela organização do local, que por momentos me lembrou um Coliseu em ponto mais que pequeno e sem cadeiras, ou quase.

Quanto aos Dirty Pretty Things, a sensação com que fiquei foi que o som é um rock bem dançavel mas melhor ainda com guitarradas fortes, ao jeito do que seriam uns Strokes se depois da dieta de punk made in NY tivessem emigrado para Londres e ouvissem todas as resmas de bandas que por lá houve nas últimas duas décadas. É uma descrição um bocado rebuscada, mas acho que ainda consigo fazer uma outra analogia: os DPT lembram-me os westerns de antigamente quando o gang de bandidos chegava à cidade, entrava pelo saloon adentro, acabava com todo o whisky que havia no sítio (ontem foi mais Jameson), pegava nas mulheres ao colo e roubavam beijos e outras carícias que tais (ontem também houve disto), enfim, devastava toda a cidade. Ontem não foi a cidade por completo, mas umas quantas dezenas de pessoas agradeceram a devastação com muitas palmas. Eu também gostei de ver ao vivo e o cores o verdadeiro "sex, drugs and rock n' roll". E a música é mesmo boa.

Antes disso houve banda portuguesa, (the) Scope, que apesar do falso arranque, merece ser acompanhada pelo rock sónico e com muita distorção que fazem. Precisam, se calhar, de mais rodagem, mas houve quem ficasse impressionada com o baterista ;)

(a reportagem do Disco Digital)

quinta-feira, abril 13, 2006

Clandestino

Solo voy con mi pena
Sola va mi condena
Correr es mi destino
Para burlar la ley
Perdido en el corazn
De la grande Babylon
Me dicen el clandestino
Por no llevar papel

Pa una ciudad del norte
Yo me fui a trabajar
Mi vida la dej
Entre Ceuta y Gibraltar
Soy una raya en el mar
Fantasma en la ciudad
Mi vida va prohibida
dice la autoridad

Solo voy con mi pena
Sola va mi condena
Correr es mi destino
Por no llevar papel
Perdido en el corazn
De la grande Babylon
Me dicen el clandestino
Yo soy el quiebra ley

Mano Negra clandestina
Peruano clandestino
Africano clandestino
Marijuana ilegal

Solo voy con mi pena
Sola va mi condena
Correr es mi destino
Para burlar la ley
Perdido en el corazn
De la grande Babylon
Me dicen el clandestino
Por no llevar papel

(Letras e foto de Manu Chao)

quarta-feira, abril 12, 2006

Em Ebulição

Cacém, Abril de 2006

Uma boa ideia

Amar!

Eu quero amar, amar perdidamente!
Amar só por amar: aqui... além...
Mais Este e Aquele, o Outro e toda a gente...
Amar! Amar! E não amar ninguém!

Recordar? Esquecer? Indiferente!...
Prender ou desprender? É mal? É bem?
Quem disser que se pode amar alguém
Durante a vida inteira é porque mente!

Há uma primavera em cada vida:
É preciso cantá-la assim florida,
Pois se Deus nos deu voz, foi pra cantar!

E se um dia hei-de ser pó, cinza e nada
Que seja a minha noite uma alvorada,
Que me saiba perder... pra me encontrar...

Florbela Espanca (1894 - 1930)

(ver aqui)

Ilícitos e Inaceitáveis

"O Supremo Tribunal de Justiça (STJ) considerou "lícitos" e "aceitáveis" os estalos e castigos aplicados por uma responsável de um lar de Setúbal a crianças deficientes. Depois de o Ministério Público ter recorrido da decisão do tribunal de Setúbal, o Supremo não considerou existirem maus tratos, mas sim castigos normais."

(SIC Online)

Vejo tantas contradições à volta desta situação que apenas me apetece partir qualquer coisa. De um lado temos a geração dos nossos pais e avós que sempre acreditaram que uma palmada podia resolver muita teimosia e alguma rebeldia própria da idade, e que aqui surge personificada nas figuras do Tribunal de Setúbal e Supremo Tribunal de Justiça. No entanto, parecem "esquecer" que estamos a falar de crianças com características próprias, que podem não estar a fazer birra por não gostarem de sopa e que se calhar até precisam, necessitam de um tratamento que não à base de uns estalos bem dados, mãos amarradas ou de estarem fechados em quartos às escuras.

Por outro lado, e isto é diariamente confirmado quer no meu local de trabalho, quer no local de trabalho da minha mãe (uma escola primária), a maioria dos pais dos nossos dias são "contra" a palmada disciplinadora e evitam pôr a mão nas crianças, mesmo se estas se comportam como os pequenos filhos de Belzebu. No espaço de uma geração, passou-se do oitenta para o oito e hoje confronto-me com atitudes de pais que "compram" os filhos com presentes diários, deixam as crianças fazerem o que bem lhes dá na telha e ainda têm a lata de afirmarem que os seus filhos são "um bocadinho" mimados. Não há pachorra.

Mas voltando à notícia, há um facto que me deixa revoltado e outro esperançado. Primeiro, a revolta pela estupidez de
"
o Supremo considerou não ter ficado provado que "a arguida castigasse repetidamente os utentes do lar quando tinham algum comportamento que considerava desadequado por lhe desagradar" nem que a funcionária "não acatava as orientações técnicas da psicóloga da instituição"."
E depois, temos a fantástica justificação para o comportamento da senhora,
"
"Aliás estaria excluída a própria negligência, atentas as condições pessoais e de saúde da recorrente, afectada com uma grave depressão, motivada pelas condições de trabalho que lhe eram impostas", conclui o colectivo no acórdão aprovado por unanimidade. A funcionária trabalhava 16 horas por dia, seis dias por semana, tendo a seu cargo 15 crianças deficientes, sem ter preparação profissional para desempenhar as funções de responsável do Lar, nomeadamente para lidar com deficientes mentais."

É claro que não podiam ter contratado uma pessoa competente para o cargo, com as qualificações necessárias, isso é que era bom. Mas o que me deixa esperançado é que também eu não tenho qualificações suficientes para aturar a minha chefe, estou francamente a milímetros de uma gravíssima depressão e não sei como irei reagir. Será que posso começar a aquecer as palmas das minhas mãos, sabendo que o Supremo irá defender o meu direito ao estalo?

terça-feira, abril 11, 2006

Espaço _________


Lingua Gestual

E tapas? Não há tapas?

Bright green truffles, carrot-flavored foam and liquid that tastes like olives may sound odd, but they are among the dishes that have helped El Bulli become the best eatery in the world.

(CNN)

Spain's El Bulli toppled Britain's Fat Duck as the world's best restaurant in a poll published Tuesday.

(CNN)

Amizade

substantivo feminino


1.
afeição por uma pessoa; estima; simpatia;

2.
camaradagem; companheirismo; cumplicidade;

3.
entendimento; compreensão;

4.
dedicação; bondade;

5.
pessoa amiga;

(Do lat. amicitáte-, «id.»)


© Copyright 2003-2006, Porto Editora.

Há duas palavras, nesta definição dada pela Infopédia, com as quais me identifico imediatamente: cumplicidade e dedicação. Cumplicidade pois quando penso nos meus amigos(as) penso normalmente nos pontos de contacto que nos unem e que fazem com que sejam precisos apenas pequenos pormenores para percebermos o que se passa connosco. Desde coisas tão essenciais como partilhar os mesmos princípios e ideais a coisas tão " banais" como ser do mesmo clube de futebol ou gostar da mesma música, a base da cumplicidade que tenho com os meus amigos(as) parte sempre daí e vai-se expandindo, cruzando os nossos gostos, os nossos "pecados", os nossos receios, as nossas alegrias, as nossas tristezas, a nossa vida.

Dedicação. Pois acho que uma relação de amizade, quando é uma amizade sem amarras e genuína, merece haver dedicação de ambas as partes para mantê-la viva. Seja tomando um café, seja telefonando, enviando um e-mail ou um sms, escrevendo uma carta, é preciso haver contacto. Reconheço que, no mundo em que vivemos, é muitas vezes complicado, e eu próprio confesso que às vezes não sou tão dedicado às minhas amizades como devia ou como a pessoa que está do outro lado merecia. Outras vezes também me sinto cansado por a iniciativa ser sempre minha e baixo os braços, deixo andar, e apenas tenho consciência do quanto estou a errar quando o sentimento de remorso já se instalou na minha mente. Tenho e devo ser mais dedicado, com os amigos(as) que estão perto, com os amigos(as) que estão longe, com os amigos(as) que vejo todas as semanas, com os amigos(as) que apenas vejo de mês a mês.

No fundo, gostava de estar sempre rodeado dos meus amigos(as), pois normalmente sinto-me mais feliz e tranquilo quando estou com eles. E esse é um sentimento que nunca me parece haver em demasia.

(Post motivado por um excelente fim de tarde à beira-mar, com pessoas amigas à roda de uma mesa, a apreciar o pôr-do-sol)

segunda-feira, abril 10, 2006

Kill Bill Vol. 2

"Looked dead, didn't I? But I wasn't. But it wasn't from lack of trying, I can tell you that. Actually, Bill's last bullet put me in a coma - A coma I was to lie in for four years. When I woke up, I went on what the movie advertisements refer to as a 'roaring rampage of revenge.' I roared. And I rampaged. And I got bloody satisfaction. I've killed a hell of a lot of people to get to this point, but I have only one more. The last one. The one I'm driving to right now. The only one left. And when I arrive at my destination, I am gonna kill Bill."

quinta-feira, abril 06, 2006

Calvin versão empresário português

(Dedicado a um antropólogo marciano amigo, que me enviou este "pedaço de vida real".)

Is this the world we created?

HRW says some 70% of street children in the capital, Kinshasa, are outcasts, after being accused of witchcraft. Specialised pastors perform ceremonies to rid children of evil spirits and they can be held for days without food and sometimes whipped to confess.

Children who are HIV-positive are also susceptible to abuse and abandonment. “Child sorcerers have the power to transmit any disease, including Aids, to their family members,” a pastor of a revival church in Mbuji-Mayi told HRW.

(Fotos e comentários da BBC News)

Tenham vergonha na cara!

"Canadá recusa 13 milhões e mantém caça às focas.

O Canadá autorizou, este ano, o abate de 325 mil animais a tiro e dez mil a golpes de espigão, preso a um pau - nas zonas em que a prática é considerada "tradicional". A condenação do "genocídio" foi imediata, pelos ecologistas e associações de defesa dos animais mas também pelo Congresso dos Estados Unidos - país que adoptou um rigoroso boicote a certos produtos canadianos - e pelos governos de várias nações europeias."

(Diário de Notícias)

Depois dos imigrantes ilegais, a vez das focas. Esse animal extremamente perigoso para os seres humanos, em especial as crias, cuja ferocidade apenas pode ser combatida a golpes de espigão. Mas, mais importante que isso, é garantir que as práticas "tracidicionais" são mantidas. Questiono-me qual a vila canadense gémea de Barrancos... E eu que pensava que o Canadá até era um bom sítio para viver...

Ritual de lo habitual

É uma actividade tão natural que quase nos esquecemos do quanto está inserida na nossa cultura. Seja para uma bica depois do almoço, ou para uma tarde passada na conversa com umas imperiais à mistura, o café (estabelecimento) é um ponto de reunião quase tão fundamental como o almoço de família ao fim-de-semana ou a habitual refeição de Natal para a qual todos os parentes (próximos e afastados) se juntam.

No Cacém, já foram muitos os cafés por onde "passei". Fosse para tomar o essencial café na altura dos exames, ou aproveitar o sol numa esplanada a beber uma cerveja gelada, ou para pôr a conversa em dia com os amigos, lendo as gordas do Correio da Manhã (jornal exclusivo de leitura na maioria dos cafés), o importante era haver uma mesa onde pudéssemos simplesmente "estar". Não admira que há uns anos atrás, uma colega de universidade tivesse cá vindo e ficado admirada com a quantidade de cafés por km2 que esta terra tem.

Lembro-me das quase intermináveis tardes passadas no bar do ISCTE, a beber um café para curar a ressaca de um dia pós-festa ou a beber uma imperial antevendo uma festa, ouvindo o sr. António a revelar o seu benfiquismo enquanto comentava os jogos do fim-de-semana passado, ou se queixava da pouca cerveja que os novos caloiros bebiam. Muitos trabalhos de grupo fiz naquelas mesas do "aquário", em que se fazia pausas para o cigarro enquanto alguém perguntava quem é que queria café.

Por ser um hábito tão português, recordo com um sorriso as minhas tentativas de transpôr este ritual para a minha estadia na Coreia do Sul. O ar estranho com que olhavam para mim quando me sentava à mesa e ficava horas de volta de uma chávena de café e um livro. O olhar ainda mais estranho que me dirigiam quando me juntava com outros portugueses e ficávamos horas a discutir o que se passava aqui no rectângulo.

Assim, proponho que a ida ao café passe a fazer parte do Património Imaterial Nacional, pois nada contribuiu mais, ao longo dos séculos, para a discussão de ideias e princípios que muito provavelmente fizeram com que avançassemos como nação.

(Pronto, eu admito, esqueci-me de tomar os remédios outra vez... Sorry!)

quarta-feira, abril 05, 2006

E Pluribus Unum

E pronto. O sonho acabou. Pelo menos, por este ano, pois nesta história das competições europeias de futebol, há sempre o ano seguinte. Teria sido bonito termos uma equipa portuguesa numa final de uma taça europeia pelo quarto ano consecutivo, mas este jovem, o resto da equipa do Barcelona e os erros dos meus heróis de vermelho assim não o quiseram. Assim, temos de pensar no futuro.

De qualquer forma, meus heróis de vermelho, hoje quando sairem desse estádio mítico onde hoje jogaram, saiam de cabeça erguida, meus amigos, de cabeça erguida.

(Foto da BBC Sport)

Ah, se fosse hoje...

Nou Camp, Outubro de 2003

terça-feira, abril 04, 2006

A montanha continua a parir um rato

"A Associação Fonográfica Portuguesa apresentou hoje, na Polícia Judiciária de Lisboa, 28 queixas-crime contra desconhecidos referentes a utilizadores de serviços de partilha de ficheiros de música através da Internet, anunciou o director-geral da organização, Eduardo Simões. O critério usado foi o do volume de faixas descarregadas, adiantou ao PUBLICO.PT o assessor de imprensa da associação, Tiago Cardoso.
Cabe agora à Polícia Judiciária descobrir a identidade dos utilizadores de programas de troca de ficheiros de música através da Internet (tecnologia "P2P" ou "Peer-to-Peer"), tendo em conta que, nesta fase do processo, estão ainda protegidos pelo anonimato.
Eduardo Simões sublinhou, no entanto, que existem meios técnicos para identificar as pessoas que usam programas como o "Kazaa", o "eMule" ou o "Limewire", entre outros."


Bravo, Sr. Simões. Fica-lhe muito bem representar os interesses autorais da sua Associação. Quem me dera que houvesse a mesma deligência na investigação de crimes de burla qualificada, lavagem de dinheiro, tráfico de influências, pedofilia, negligência ao volante, só para mencionar algumas.

A única imagem que consigo ter face a isto é uma cena do filme "Madagáscar" onde um pequenino lémur se punha em bicos de pés e quase a suplicar que o escolhessem, "me, me, pick me!". Trocando por graúdos, alguém anda à procura de protagonismo e exposição mediática fácil junto de um enorme público. Só espero que se dê mal, pois ao menos o lémur era ternurento e tinha piada.

Aos 28 desconhecidos, deixo o meu apoio e desejo de que não secumbam à chantagem barata que se está a tentar fazer.

Mais leituras obrigatórias:
A Miúda dos Disparates
O Último Metro
Xoose

Navel

Os níveis de cinismo sobem...

( A fotografia veio num dos infindáveis mails que recebo todos os dias, pelo que não me recordo de quem terá sido o autor. O comentário foi feito por mim e partilhado com os meus colegas de trabalho aqui há umas semanas atrás. Serve também para ilustrar o excelente dia que hoje tive o enorme prazer de desfrutar.)

segunda-feira, abril 03, 2006

Lá de Cima - IX

Nou Camp, Barcelona, Espanha

Paixão

substantivo feminino


1.
sentimento intenso e geralmente violento (de afecto, ódio, alegria, etc.) que dificulta o exercício de uma lógica imparcial;

2.
objecto desse sentimento;

3.
grande predilecção;

4.
parcialidade;

5.
grande desgosto; sofrimento intenso;

6.
MÚSICA composição musical cujo motivo é o martírio de Cristo;

(Do lat. passióne-, «sofrimento»)


© Copyright 2003-2006, Porto Editora.

domingo, abril 02, 2006

O meu reino por um MP3...

"Nas próximas semanas, os portugueses que tenham carregado ou descarregado ilegalmente músicas na internet irão receber uma carta a convidá-los a pagar uma indemnização por desrespeito dos direitos de autor ou, em alternativa, enfrentar um processo judicial."

Pelas minhas contas, devo ter uma centena de cassetes com outros tantos albuns de variados artistas, nacionais e estrangeiros. Todas foram gravadas de LPs ou CDs, por mim ou por amigos meus. Na altura em que as gravei, era um estudante com pouco dinheiro no bolso, a minha familia pertencia à classe média (ainda assim acontece hoje em dia), e lembro-me perfeitamente que só para me oferecerem uma aparelhagem como prémio por ter entrado na faculdade fizeram sacríficios. Um CD seria normalmente uma prenda de aniversário de algum familiar ou amigo da minha idade. Nesses tempos, tal como hoje, o CD era um artigo dispendioso.

Se acho que os direitos de autor devem ser preservados? Sim, sem dúvida. Se acho que o consumidor deve ser levado a tribunal para pagar esses direitos? Não, em absoluto. Com tantos fios por onde pegar no novelo (preço dos CDs, contratos entre editoras discográficas e artistas, "preço" da cultura, investimento em marketing vs. investimento em novos artistas), porque é que o fio a "queimar" primeiro há-de ser aquele que verdadeiramente ama a música?

O sr. John Kennedy menciona que a pirataria é uma das razões para as editoras discográficas não investirem tanto na música nacional. Será que é mesmo assim? Ainda esta semana via num programa de televisão que este problema já existia ainda antes da partilha de ficheiros na Internet. Pergunto-me o que aconteceria se todos os músicos pegassem nas suas perninhas e saíssem das respectivas editoras. Talvez que assim os consumidores comprassem, de facto, mais CDs, por saberem que o dinheiro ia mesmo para quem o merecia (os músicos) e não para os bolsos já de si recheados dos executivos à frente das editoras.

Leitura obrigatória:
A Quinta do Aníbal
Sticky Scratch

Lembrete

Antes que hajam mais vítimas inocentes, é melhor lembrar que ontem foi dia 1 de Abril e, apesar da pequena mentira que aqui deixei andar muito próxima dos meus desejos recalcados, não passava disso mesmo, uma pequena mentira :-))

sábado, abril 01, 2006

Chega!!!

A paciência tem limites e hoje atingi os meus. Despedi-me. Entreguei a carta. Bati a porta. Não aguentei a penitência que foram os últimos meses. Todo um horizonte de possibilidades se abre à minha frente, com tanto de assustador como de motivante. Uma coisa é certa, acabou-se o aturar de situações ridículas e despropositadas e só isso já é uma grande vitória...