quinta-feira, julho 28, 2011

A tua voz.

Estes dias têm vindo a ser uma confirmação de como a nossa vida, o nosso ser, é de uma fragilidade tão grande que nem sonhamos. De como de um dia para o outro, deixamos de ser capazes de ter a memória apurada até ao fim dos nossos dias, ou as pernas que até ontem nos permitiam percorrer quilómetros como se nada fosse. O tempo consegue ser bondoso, mas na maior parte dos casos, e por muito que lutemos contra, será impiedoso e deixará as suas marcas profundas, com quais temos que viver, dia sim dia sim, com um sorriso nos lábios e com lágrimas nos olhos, alegria e tristeza de mãos dadas, por nós e por aqueles que nos rodeiam. Não há muito para dizer, na realidade sem que não fique inundado por uma onda de dor e tristeza, premonitória do que ainda está para vir e que teremos, como um todo, que enfrentar. Apenas quero aqui deixar que já não tenho medo da morte, tenho sim medo de envelhecer. Assim. Desta forma. Ponto final.


domingo, julho 03, 2011

Já faltou mais...


"Ah, damn you! God damn you all to hell!"


Ainda a propósito...

"Não há relação tão única e exclusiva como a relação entre irmãos. Não há mais nenhuma que nos consiga elevar aos mesmos níveis de desespero e irritação. Que tão depressa nos deixe de rastos como de bem com o mundo. Que nos recompense com os mesmos níveis de solidariedade, de amor e de apoio. (...) Que nos permita um mergulho conjunto em memórias de cheiros, sons, sabores, lugares. (...) Há gargalhadas e lágrimas que só fazem sentido nesta relação tão própria e especial."

por Sofia Barrocas, Notícias Magazine de 3 de Julho de 2011



Sou filho único. Durante grande parte dos meus primeiros anos de vida lembro-me de perguntar à minha mãe quando é que iria ter um mano ou uma mana. Acho que cheguei mesmo a pensar que tal prenda estava guardada para um qualquer Natal mais especial ou algo do género. Os meus pais sorriam com este meu pedido e deixavam sempre no ar a ideia que sim, um dia podia acontecer. Era um puto, ainda estava longe de compreender o porquê de acabar por ser o único. Hoje já percebo e claro que não sinto ressentimentos por continuar a ser um filho único. Nunca os teria, na realidade, pois sei perfeitamente o quão difícil foi o meu nascimento, logo apenas posso considerar a minha mãe como a pessoa mais corajosa que até hoje conheci. Mas mesmo que não soubesse isso, apenas me sinto único no sentido "sangue do mesmo sangue" da coisa. Porque, ao longo da minha vida, sempre tive irmãos e irmãs. Fossem eles primos e primas, amigos de longa data, amigos de curta data, houve sempre pessoas com quem partilhar as minhas alegrias, as minhas tristezas, os meus receios, os meus desejos, toda a minha vida houve sempre alguém do meu lado para sentir esta ligação que a Sofia Barrocas escreveu. E se nos dias de hoje há irmãos e irmãs que estão mais perto do meu coração e outros que estão um pouco mais longe, o certo é que, aos meus olhos, continuam todos a serem as pessoas, para além dos meus pais, que me apoiaram e me agarraram nos bons e maus momentos. E isso é algo que viaja comigo sempre, vá eu para onde for, faça eu o que fizer desta vida. E sei perfeitamente que não preciso de listar os seus nomes, pois eles também sabem que independentemente das encruzilhadas do tempo, serei sempre irmão deles e delas.